A Doença terminal de Eliseu
A Velhice de Eliseu
Um bom tempo já havia se passado desde a última aparição do
profeta de Abel-meolá no registro bíblico (2 Rs 9.1). De fato entre os capítulo
9 e 13 de 2 Reis há um intervalo de aproximadamente quarenta anos. Os
estudiosos acreditam que por essa época Eliseu deveria estar com a idade
aproximada de oitenta anos.
Eliseu fora chamado quando ainda era jovem, mas agora estava
velho e doente. Às vezes idealizamos de tal forma os homens de Deus que
acabamos esquecendo que eles são humanos. Envelhecem, adoecem e também morrem.
O texto bíblico deixa patente o lado humano do profeta. Fora um grande homem de
Deus e ainda o era, com tudo isso era um homem.
O sofrimento de Eliseu
O mesmo texto que trata da doença e velhice de Eliseu fala
também do seu sofrimento (2 Rs 13.14; 20). Eliseu estava doente (hb. choliy), e
isso sem dúvida lhe causava algum sofrimento. E muito difícil dizer que Eliseu
padeceu, mas não sofreu.
Mas o foco aqui não é o sofrimento em si, mas como Deus
trata o profeta nesse momento de sua vida e como ele responde a isso. Mesmo
alquebrado pelos anos, Eliseu continuava com o mesmo vigor espiritual de antes.
Possuía ainda a mesma visão da obra de Deus. Em nada a doença, sofrimento ou
quaisquer outras coisas impediu-o de continuar sendo uma voz profética.
Para esses mestres, os crentes não precisam mais sofrer,
pois segundo eles, todo sofrimento já foi levado na cruz do calvário e o Diabo
deve ser responsabilizado por toda e qualquer situação de desconforto entre os
crentes. Aqui há uma clara influência da Ciência Cristã que também não admitia
a existência do sofrimento. A Bíblia diz que o cristão não deve temer o sofrimento
nem tampouco negá-lo (Cl 1.24; Tg 5.10).
• Para nos tornarmos exemplos para os outros.
• Para melhor nos compadecermos dos outros.
• Para permanecermos humildes
• Como uma ferramenta de aprendizado.
• Para dependermos do poder de Deus.
• Para crescermos no nosso relacionamento com Cristo
(desenvolvendo o fruto do Espírito — Gálatas 5.22,23).
• Para promover a obra de Cristo (quando os maus tratos a um
missionário abrem oportunidades para
impactar outros com o amor de Cristo).
Um grande exemplo pode ser encontrado em Filipenses 1.12-14,
onde lemos:
“Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que
me aconteceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho; de
maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a
guarda pretoriana e de todos os demais; e a maioria dos irmãos, estimulados no
Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de
Deus”.2
Ainda nessa obra, em um capítulo onde procurei mostrar a
melhor interpretação das palavras do apóstolo Paulo em Filipenses 4.13, tratei
mais exaustivamente sobre a questão das adversidades da vida:
“Ora muito me regozijei no Senhor por finalmente reviver a
vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido
oportunidade. Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a
contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância:
em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura,
como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas
as coisas naquele que me fortalece. Todavia fizestes bem em tomar parte na
minha aflição.
E bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do
evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com
respeito a dar e a receber, senão vós somente. Porque também uma e outra vez me
mandastes o necessário a Tessalônica. Não que procure dádivas, mas procuro o
fruto que abunde para a vossa conta. Mas bastante tenho recebido, e tenho
abundância: cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte
me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a
Deus. O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas
necessidades em glória, por Cristo Jesus” (Fp 4.10-19).
Aqui estão as palavras que tem sido o carro-chefe do
triunfalismo neopentecostal:
“Posso todas as coisas naquele que me fortalece (Fp 4.13).
Estas palavras foram escritas pelo apóstolo Paulo e endereçadas à igreja de
Filipos por ocasião de sua segunda viagem missionária (At 16.6-40).
Os estudiosos da Bíblia estão de acordo que o apóstolo
endereçou essa carta à igreja de Filipos por ocasião de seu aprisionamento em
Roma. Mas o que essas palavras de Paulo significam não tem tido o mesmo
consenso entre os evangélicos. O sentido mais popular dado a ela expõe mais
presunção do que confiança; mais triunfalismo do que uma verdadeira fé. Fora do
seu contexto, o entendimento que lhe é atribuído é que o crente pode possuir o
que quiser, já que é Deus quem lhe garante isso. “Tudo posso” ganhou o sentido
de “Tenho Posse”. Passa, então a ser usado como um mantra que garante a
conquista de bens materiais seja em que condição for. Mas será esse o real
sentido desse versículo?
Como já vimos, uma das regras básicas dos princípios de
interpretação da Bíblia é a análise do contexto da passagem que se está
estudando. A grande maioria dos erros doutrinários surge por conta da violação
desse princípio. O texto ora em estudo não foge a essa regra.
Quando alguém usa as palavras de Paulo para justificar uma
vida em total saúde e riqueza e isenta de problemas, evidentemente que está
fazendo uso indevido do pensamento do apóstolo. Isso por uma razão bastante
simples — antes de declarar sua total suficiência em Cristo, o apóstolo diz:
“Sei estar abatido, e sei também ter abundância: em toda a maneira, e em todas
as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter
abundância como a padecer necessidade” (Fp 4.12). Somente após afirmar que
passou por situações mais adversas nas quais viveu em escassez e em outras nas
quais experimentou abundância é que ele diz poder todas as coisas naquEle que o
fortalecia. Ao estudar exaustivamente as palavras de Paulo em sua carta aos
filipenses, o erudito
“Paulo não é nenhum presunçoso para proclamar: ‘Eu sou o
capitão da minha vida’. Nem tampouco é um estoico que, confiando em seus
próprios recursos, e supostamente imperturbável ante o prazer ou dor, busque
com todas as suas forças supor, sem a menor queixa, sua irremediável necessidade.
Conhece (pessoalmente) tanto as alegrias quanto as aflições, e aprendeu a
permanecer contente. Seu contentamento, porém, tem sua razão em um outro, além
de si mesmo. O verdadeiro Manancial ou Fonte da suficiência espiritual de Paulo
está mencionado no versículo 13. E essa fonte jamais secará, não importa quais
forem as circunstâncias (...) aqueles que rejeitam a Cristo não podem
compreender como um cristão pode permanecer calmo na adversidade e humilde na
prosperidade.”3
Dizer, portanto, que Paulo “deu a volta por cima” é forçar a
Escritura dizer uma coisa que ela não diz. Paulo não serve como exemplo de
alguém que começou pobre e terminou rico. Paulo nunca se preocupou por estar
por baixo e também nunca se preocupou em ficar por cima. Paulo começou seu ministério
fazendo tendas, que era um trabalho duro (At 18.3), e terminou em uma prisão em
Roma (Fp 3.12; At 28.30).
A prosperidade do apóstolo não dependia da abundância
ou escassez de bens materiais, mas da sua suficiência em Cristo. Hendrikson
resume as palavras do apóstolo nesse contexto como segue:
1. Viver em circunstâncias de apertura
O apóstolo de fato sabia o que era passar necessidade (At
14.19; 16.22-25; 17.13; 1812; 20.3; 21—27; 2 Co 4.11; 6.4,5; 11.27,33).
Ele sabia o que era fome, sede, jejum, frio, nudez,
padecimentos físicos, tortura mental, perseguição, etc.
2. Ter fome
Fome e sede são com frequência mencionadas juntas (Rm 12.20;
1 Co 4.11; 2 Co 11.27; cf. como anseio espiritual: Mt 5.6).
3. Tercarência
O apóstolo, com frequência, não tinha o necessário. Sua
falta de conforto era tanta, que sua situação chegava à mais dura penúria.
Todavia, nenhuma dessas coisas o privou de seu contentamento.
4. Ter fartura
Antes de sua conversão, Paulo era um fariseu preeminente. O
futuro se lhe divisava brilhante e promissor. Paulo possuía abundância, e isso
de várias maneiras. Todavia, ele tinha carência do tesouro mais precioso: a paz
centrada em Cristo.4
Para o apóstolo, a sua prisão estava sendo uma fonte de
bênçãos para o progresso do evangelho da mesma forma que a sua liberdade havia
sido (Fp 1.13,14). O que importava naquele momento não era uma conquista
pessoal, mas ser Cristo Jesus engrandecido pelo seu testemunho, mesmo que esse
fosse dado de dentro de uma masmorra. Não vemos em Paulo um escapismo triunfalista
que nega o sofrimento através da confissão positiva do tipo “tudo posso, tudo
posso!”. Nem vemos lamentando tampouco por Deus haver permitido tal situação. O
que prevalece é o contentamento em tudo! Somente pessoas amadurecidas na fé são
conscientes de que a alegria espiritual pode brotar em meio ao sofrimento (2 Co
12.10).
Comentario :
“As vezes, a presença
da dor em minha vida traz o beneficio prático de me santificar. Deus trabalha
em mim através da aflição. Por mais desconfortável que a dor possa ser, sabemos
que as Escrituras nos dizem constantemente que a tribulação é um meio pelo qual
somos purificados e conduzidos a uma dependência mais profunda de Deus. Há um
beneficio a longo prazo que presumivelmente perderíamos não fosse pela dor que
somos chamados a “suportar por um pouco”. As Escrituras nos dizem para suportar
por um pouco, porque a dor que experimentamos agora não pode ser comparada com
as glórias reservadas para nós no futuro. Do outro lado, o prazer pode ser
narcótico e sedutor, de modo que quanto mais o apreciamos e mais o
experimentamos, menos conscientes nos tornamos de nossa dependência e
necessidade da misericórdia, auxílio e perdão de Deus. Prazer pode ser um mal
disfarçado, produzido pelo Diabo para nos levar à ruína final. Essa é a razão
porque a procura do prazer pode ser perigosa. Quer experimentando dor ou
prazer, não queremos perder Deus de vista, e nem a necessidade que temos
dele”.5
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