Há pessoas que são especialistas em contruir muros: vivem erguendo barreiras entre aqueles com os quais convivem, trabalham, estudam, congregam.
Fazem isto promovendo discórdias, semeando contendas, espalhando fofocas, denegrindo a imagem de outro, inventando histórias. Não é sem razão que, de um modo geral, tantas crises façam parte das relações humanas. Mas hoje vamos ler sobre uma mulher que era especialista em construir pontes.
O seu nome? Abigail. Além de linda, ela era sábia e usou essa sabedoria para construir uma ponte entre Davi e Nabal, o seu marido
Logo depois do sepultamento de Samuel, Davi partiu e desceu de Parã, região desértica e inóspita. Desse lugar, soube que Nabal estava cortando a lã das suas ovelhas, num vilarejo chamado Carmelo. Esse pecuarista, extremamente poderoso e próspero, descendente do famoso Calebe, era casado com Abigail, uma mulher muito linda e muito gentil.
O tempo da tosquia era um tempo de mostrar hospitalidade e generosidade, quando os envolvidos eram servidos com muita comida e bebida. Sendo assim, esta era a ocasião certa para Davi pedir uma ajuda a Nabal. Foi o que fez. Enviou a Nabal dez homens, com o objetivo de solicitar-lhe ajuda material para suprir as necessidades daqueles que o acompanhavam.
Davi e os que o seguiam nunca tiveram contato pessoal e direto com aquele homem abastado. Mas, em outro tempo, em campo aberto, tiveram contato com aqueles que pastoreavam o seu rebanho. Nessa época, Davi e o seu bando – formado, na maioria, por pessoas endividadas, insatisfeitas, empobrecidas – poderiam ter atacado os pastores e roubado o rebanho de Nabal. Mas fizeram exatamente o contrário: foram como um muro ao redor deles, protegendo-os e ajudando-os contra possíveis ataques de ladrões violentos e animais ferozes do deserto.
O pedido de Davi, portanto, era razoável. Ainda hoje, esta espécie de “preço de proteção” é regularmente arrecadado pelos beduínos, nas fronteiras entre as terras desérticas e as terras cultivadas.
Ao chegarem à presença de Nabal, os homens enviados fizeram uma abordagem altamente diplomática e civilizada. Fizeram exatamente conforme a orientação de Davi. Mas foram tratados com desprezo por Nabal, cujo nome significa “estupidez e insensatez”. Davi ficou grandemente indignado com aquele tratamento desrespeitoso e convocou, imediatamente, quatrocentos homens bem armados com afiadas espadas para subirem ao encontro daquele homem a fim de matar a ele e toda sua casa
Nesse meio tempo, um dos servos de Nabal correu para avisar Abigail sobre o que havia acontecido. Ele viu que o patrão agiu grosseramente e imaginou que o pior poderia acontecer. Provavelmente, sabia que Abigail era cheia de sabedoria e faria algo para consertar essa história. E fi exatamente o que ela fez. Agiu com extrema prudência, apaziguo o coração de Davi, pediu perdão e o fez reconhecer que a vingança não era a melhor decisão naquele momento. O Espírito de Deus tomou as palavras de Abigail como espada afiada e atingiu o coração de Davi. O valente guerreiro ficou profundamente comovido. Ele passou a pesar todos os acontecimentos, consultar a consciência, considerar o preço daquela decisão pecaminosa, pensar no futuro. Davi, então, voltou atrás no seu voto. O verdadeiro Davi, então, reapareceu. Ficou tão grato que louvou a Deus por aquele encontro, fruto não da casualidade, mas, sim, da providência divina: "Bendito o SENHOR, Deus de Israel, que, hoje, te enviou ao meu encontro". Diante de tão grande livramento – pois essa atitude vingativa desagradaria a Deus e desonraria seu nome - Davi agradeceu a Deus e a Abigail (I Sm 25:33-35).
O senso de urgência de Abigail fica evidente na narrativa. Assim que soube das resoluções do coração de Davi, Abigail apressou-se para apaziguá-lo e pacificá-lo. Uma tragédia foi evitada! Talvez você conheça alguém que tenha resolvido nunca mais pôr os pés na igreja, que tenha resolvido abandonar o cônjuge, que tenha resolvido vingar-se de alguém, que tenha resolvido entregar-se às aventuras da carne... Mas não fique inerte e imóvel diante disso. Mova-se! Não seja vagarosa! Trilhe o caminho da pacificação. Inicie-se na arte de pacificar conflitos. Deus pode usar você para ajudar alguém a revogar uma decisão que poderia trazer remorso, angústia e tristeza. "Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus" (Mt 5:9).
Abigail não tinha somente senso de urgência, mas tinha senso de prudência. A sua prudência pode ser vista, principalmente, no seu jeito de falar. Seis vezes chamou a si mesma de “tua serva” e oito vezes chamou a Davi de “meu senhor”. A sua fala era humilde e tranqüila. Não foi à toa que Davi a louvou. Há mulheres que não sabem falar sem elevar o tom da voz. Mas é só por meio da prudência e com mansidão que conserta-se um conflito.
Abigail também sabia que a verdadeira Justiça vem de Deus. Na hora em que ouviu dizer que Davi queria matar o seu marido, Abigail poderia ter dito: “Pode matar o meu marido. É o que ele merece”. Mas não disse. Ela deixou Deus fazer a justiça na hora certa e do modo certo! Por favor, preste atenção: sempre que você perceber que não pode fazer mais nada, espere pelo Senhor: Só Deus pode gerar justiça, e ele nos convida a sermos seus parceiros no que se refere a causas que nos envolvem ou que envolvem outras pessoas. Coloque a injustiça sofrida diante de Deus, que a tomará como uma causa Dele. Deixe-se instruir por Ele sobre os caminhos a serem seguidos. Quando você faz o que é certo, Deus cuida de encaminhar as situações da melhor forma.
Deus quer que você seja um pacificadora, alguém que atua restaurando e fortalecendo relacionamentos.
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