Eliseu, sucessor de Elias
ELIAS PREPARA O SEU SUCESSOR
O escritor disse certa vez que nada morre de Deus quando um
homem de Deus morre! Essa máxima é verdadeira em relação ao profeta Elias e ao
seu sucessor, Eliseu. Elias exerceu um ministério excepcional no Reino do Norte
e sem dúvida foi o responsável por ajudar o povo de Deus a manter a sua
identidade. Todavia, assim como todos os homens, chegou o dia em que precisou
parar. Elias teve o cuidado de seguir a orientação divina na escolha do seu
sucessor bem como em prepará-lo da forma correta. Neste capítulo veremos como
se deu esse processo e como podemos aprender com ele (1 Rs 19.15-21).
A história da sucessão do profeta Elias e o chamamento do
profeta Eliseu nos ensina uma verdade muitas vezes esquecida: não somos
insubstituíveis, embora não sejamos descartáveis. Talvez a atual crise na
liderança evangélica reside no fato da ausência de líderes substitutos. No
livro de minha autoria, intitulado: Rastros de Fogo, escrevi sobre a realidade
dessa crise, tomando por base o período dos juízes.
Ali observei que a crise ministerial contemporânea
assemelha-se àquela vivida pela escassez sacerdotal naquele período. Como um
período de transição entre um governo tribal e a monarquia, os juízes tiveram
de conviver com as ameaças constantes de uma anarquia generalizada.
O texto
bíblico em Juízes 17.1-13 relata o ápice dessa crise. Nele podemos extrair
lições que servem para mostrar que uma crise institucional pode ter sérios
reflexos no ministério vocacional.
Em primeiro lugar havia uma crise de modelos — “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual
fazia o que achava mais reto” (v.6).
Por natureza somos dependentes de modelos. Na nossa infância
eram nossos pais, professores ou até mesmo um amigo. Os modelos são necessários
e não há nada de errado em tê-los (1 Co 11.1)! O termo “modelo” traduz a
palavra grega paradigma, e mantém o sentido em nossa língua de um referencial.
Sem referenciais ficamos à deriva assim como os israelitas beiravam o caos por
falta dos mesmos. Quando um povo não possui um modelo ou paradigma para seguir
então ele corre perigo. Foi assim com os israelitas no período dos juízes e
parece ser assim na igreja atual!
Aqui não havia nenhum respeito pelo ministério vocacional e
o que determinava o exercício do sacerdócio não era a vocação, mas a ocasião.
Mica adorava a Deus e aos deuses (v.5) e ele mesmo consagrou um de seus filhos
para lhe oficiar como sacerdote! Possuía um sacerdote particular.
observa que essa passagem mostra que:
“Ocorreram desvios idólatras que violavam o segundo
mandamento da lei de Moisés (cf Jz 8.27; Mq 1.7; 1 Rs 12—13). Yahweh estava
sendo cultuado, mas com o acompanhamento de ídolos e através de um sacerdócio
não autorizado. Era uma situação própria do sincretismo, que de modo algum se
harmonizava com a legislação mosaica”.1
Quando o assunto é vocação pastoral, devemos observar o
binômio: vocação-qualificação. Há o perigo de termos um ministro vocacionado,
mas não qualificado; como podemos tê-lo qualificado, mas não vocacionado.
Somente um ministro vocacionado e qualificado pode exercer a contento e com
êxito o ministério pastoral.
No caso do filho de Mica ele poderia até mesmo ser
qualificado, mas não era vocacionado pela simples razão de não pertencer à
tribo de Levi — Mica era de Efraim! (v.l). Mica pareceu ficar incomodado com
esse fato, pois posteriormente consagrou uma outra pessoa, agora da tribo de
Levi, para lhe oficiar como sacerdote (Jz 17.12). Mas o problema não se
resolveu, pois se primeiramente temos alguém que poderia ser qualificado, mas
não era vocacionado, agora temos alguém que é vocacionado, pois pertence à
tribo de Levi, mas demonstra ser desqualificado — era um andarilho e que ficava
onde melhor lhe parecesse (v.8). Essa não era uma atribuição de um sacerdote
levita (,Ex 28 — 29).
Era um sacerdote sem propósitos. O ministério sacerdotal
para ele era um meio e não um fim! Não possuía propósito algum em ser um
sacerdote! Apareceu a oportunidade e ele oportunamente abraçou. Há sites que
oferecem, e em várias parcelas sem juros, o título de pastor. Basta pagar e
pronto: é pastor! Isso se parece muito com essas reportagens que a TV faz sobre
a venda da CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Vemos pessoas que jamais
fizeram prova de legislação e muito menos de percurso receber a habilitação
para dirigir. São verdadeiras armas que se movem no trânsito! Qual a diferença
disso para o ministério pastoral? Apenas esta: enquanto um usa o carro como
arma para matar, o outro usa a Bíblia! Cometerão crimes da mesma forma!
Em quarto lugar havia uma crise ético-moral (ver 10—12;
18.4,18,19,20)
Essa crise se manifestava de três maneiras:
b) Em um ministério sacerdotal controlado pelas leis de
mercado —A razão do levita oficiar como sacerdote é dada por ele
mesmo: “Assim e assim me fez Mica; pois me assalariou, e eu lhe sirvo de
sacerdote” (Jz 18.4). O pastor que quer ser um ministro de Deus jamais deve
condicionar o seu ministério à lei da oferta e da procura. As vezes,
determinadas ofertas são financeiramente tentadoras, mas não são acompanhadas
pela aprovação divina.
c) Em um ministério determinado pela posição e não pela
unção —“Entrando eles, pois, na casa de Mica e tomando a imagem de
escultura, a estola sacerdotal, os ídolos do lar e a imagem de fundição,
disse-lhes o sacerdote: Que estais fazendo? Eles lhe disseram: Cala-te, e põe a
mão na boca, e vem conosco, e sê-nos por pai e sacerdote. Ser-te-á melhor seres
sacerdote da casa de um só homem do que seres sacerdote de uma tribo e de uma
família em Israel? Então, se alegrou o coração do sacerdote, tomou a estola
sacerdotal, os ídolos do lar e a imagem de escultura e entrou no meio do povo”
(Jz 18.19,20).
O texto diz que o Levita se alegrou porque seria sacerdote
de uma tribo inteira e não de uma casa apenas! Visivelmente possuía um
ministério condicionado pela posição em vez de fundamentá-lo na unção. Nosso
sistema de governo episcopal possui suas vantagens, porém tem suas
desvantagens. Uma delas está no perigo de se viver em função do título! Esses
títulos dão grandes honrarias para quem os possui e por isso essas posições,
que são biblicamente apenas funções, são, às vezes, disputadas a tapas! Quando
um obreiro dirige seu ministério com essa atitude, assemelha-se àquele homem
que fez um esforço enorme para colocar sua escada em uma parede muito alta.
Quando chegou em seu topo descobriu com enorme tristeza que havia posto a
escada na parede errada!2
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