Eliseu Maldição dos Rapazinhos - Doença de Geazi
1. Maldição dos rapazinhos
No relato desse milagre Eliseu invoca um julgamento sobre
alguns jovens zombadores (2 Rs 2.23-25). O efeito desse julgamento foi o
aparecimento de dois animais selvagens que atacaram aqueles jovens. A lição que
fica é que não se pode brincar com as coisas sagradas e muito menos ficar
impune quem escarnece de um fiel servo de Deus.4
2. A doença de Geazi
Nesse relato de 2 Reis 5.19-27, observamos as razões pelas
quais Geazi foi julgado. O moço Geazi viu apenas uma ação humana quando deveria
ver uma ação divina (2 Rs 5.20). Ele achava que a recusa de Eliseu era apenas
uma questão pessoal do profeta, quando na verdade não era. Geazi também trocou
a verdade pela mentira (2 Rs 5.22). Usou o nome do profeta de Deus para validar
sua cobiça.
Ele procurou tomar aceitável o que Deus havia recusado (2 Rs 5.22).
Deus não vende suas bênçãos, Ele as oferece gratuitamente. Geazi trocou o
arrependimento pelo fingimento (2 Rs 5.25). Fez de conta que não havia
acontecido nada. Ele trocou a bênção pela maldição (2 Rs 5.27). Como
consequência, passou a conviver com a lepra pelo resto da sua vida!
O julgamento de Geazi nos mostra que Ministros ficam
doentes, Ministérios também! Aprendemos com ele que:
a) Não devemos edificar sobre aquilo que Deus já refugou —
“Voltou ao homem de Deus, ele e toda a sua comitiva; veio, pôs-se diante dele e
disse: Eis que, agora, reconheço que em toda a terra não há Deus, senão em
Israel; agora, pois, te peço aceites um presente do teu servo. Porém, ele
disse: Tão certo como vive o Senhor, em cuja presença estou, não o aceitarei.
Instou com ele para que o aceitasse, mas ele recusou” (2 Rs 5.15,16)
Geazi, moço de Eliseu, tenta obter ganho pessoal naquilo que
o profeta já havia rejeitado. A recusa de Eliseu era a recusa de Deus! Ele
queria obter ganho naquilo que o Senhor já havia considerado como perda. Onde
Deus havia proibido que houvesse vantagem pessoal, Geazi tenta obtê-la.
Não tenho dúvidas de que muitos ministérios estão ficando
doentes porque estão sendo edificados sobre refugos divinos. Na maioria são
teologias recicladas.
Não são fundamentadas na autêntica Palavra de Deus. Isso
pode ser visto no próprio campo da teologia bíblica. Foi assim com a Teologia
da Prosperidade; com a Teologia do Domínio; com a Teologia Ariana; com a
Teologia Unicista; com a Teologia Relacional etc. Esses modelos teológicos em
sua maioria são reciclagens de antigas heresias ou crenças heterodoxas. O certo
é que não podemos edificar sobre aquilo que a própria Palavra de Deus e a
história da igreja já mostraram que são refugos teológicos.
b) Não podemos sacralizar aquilo que é profano — ‘Geazi, o
moço de Eliseu, homem de Deus, disse consigo: Eis que meu senhor impediu a este
siro Naamã que da sua mão se lhe desse alguma coisa do que trazia; porém, tão
certo como vive o Senhor, hei de correr atrás dele e receberei dele alguma
coisa” (2 Rs 5.20).5 Geazi invocou o nome santo do Senhor (tão certo como vive
o Senhor) para validar uma ação errada! Ele procurou santificar o pecado,
quando diz que essa sua ação desastrosa será feita em nome do Senhor!
Não podemos invocar o nome do Senhor sobre coisa alguma que
não esteja de acordo com a sua Palavra. O pecado jamais pode ser santificado
nem tampouco aquilo que é pagão pode ser cristianizado.
Na história da igreja vimos isso acontecer. Primeiramente
quando Constantino, imperador convertido à fé cristã, cristianiza muitas
práticas pagãs. O mesmo ocorre quando Tomás de Aquino cristianizou os ensinos
do filósofo grego Aristóteles. Mais recentemente temos os teólogos da
prosperidade tentando, a todo custo, cristianizar os ensinos da Ciência Cristã.
Aquilo que é pecado não pode ser santificado, mesmo que se invoque sobre ele
alguma doutrina bíblica.
c) Não podemos relativizar absolutos — “Ele respondeu: Tudo
vai bem; meu Senhor me mandou dizer: Eis que, agora mesmo, vieram a mim dois
jovens, dentre os discípulos dos profetas da região montanhosa de Efraim;
dá-lhes, pois, um talento de prata e duas vestes festivais” (2 Rs 5.22).
O profeta Eliseu jamais havia mandado dizer tal coisa. Geazi
mentiu! Quando tentou aproveitar o que Deus havia refugado, Geazi agora deu um
outro passo — tornou relativo aquilo que era absoluto. Criou uma mentira e
passou a acreditar nela. Quando se faz concessão onde não pode haver nenhuma,
passa-se a adotar comportamentos relativistas.
O que se percebe é que Geazi se comportou diante desse
incidente como quem vivia apenas para uma organização — a Escola dos Profetas,
e não para o Deus vivo. Geazi esquecera do lado espiritual do seu ministério,
isto é, a instituição profética como um organismo divino, para servir apenas a
Escola de Profetas, enquanto instituição humana. Esquecer que não há
organização sem organismo; forma sem função e muito menos preceitos sem
princípios.
Geazi foi à procura de Naamã em busca de “alguma coisa” e
terminou sem “coisa alguma”. Foi em busca de valores materiais, mas perdeu os
espirituais. É um perigo quando alguém troca o “ser” pelo “ter”. Quando
transforma a vocação em carreira. Quando o ministério deixa de ser um projeto
divino para se transformar em algo meramente humano.
Os milagres operados pelo profeta Eliseu são uma clara
demonstração do poder de Deus. Todos tiveram um propósito específico de
demonstrar a graça de Deus e sua glória nas mais diferentes situações. Em
nenhum momento essas intervenções sobrenaturais exaltam as virtudes pessoais de
um homem nem tampouco deixam transparecer que se tratava de algo que o profeta
conseguia manipular através do domínio de alguma técnica. Eram ações
inteiramente imprevisíveis e não repetitivas,o que
deixa claro que em todas elas estava a unção de Deus.
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