A Fonte de Querite - Acabe, Elias
Já vimos que tão logo tenha profetizado a vinda de uma
grande seca sobre o reinado de Acabe, Elias recebeu orientação divina:
“Retira-te daqui, vai para o lado oriental e esconde-te junto a torrente de
Querite, fronteira ao Jordão” (1 Rs 17.3). Elias se tornara umapersona non
grata no reinado de Acabe e, devido a esse fato, precisava sair de cena por um
tempo. E seguindo a orientação divina que ele se refugia primeiramente próximo
à fonte de Querite. destaca que “Na torrente de Querite, Elias teve segurança e
sustento. Até o dia em que secou, o ribeiro proveu água e, a cada manhã e
tarde, os corvos levaram carne e pão ao profeta. Na lista mosaica de animais e
de alimentos proibidos (Lv 11.13-15; Dt 14.14), o corvo era considerado
“imundo” e, no entanto, Deus usou esses animais para ajudar a sustentar a vida
de seu servo.
Os corvos não levaram a Elias as carcaças que estavam acostumados
a comer, pois esse tipo de comida seria imunda para um israelita devoto. O
Senhor proveu a comida, e os pássaros forneceram o meio de transporte! Assim
como Deus fez cair maná sobre o acampamento de Israel durante sua jornada pelo
deserto, também enviou o alimento necessário a Elias enquanto o profeta
aguardava um sinal para mudar-se de lá. Deus alimenta os animais e os corvos
(SI 147.9; Lc 12.24) e os usou para levar comida a seu servo”.1
Querite, portanto, era um lugar de sombra e água fresca, mas
Que-rite não era o ponto final da jornada do profeta. Elias não poderia
fixar-se naquele local porque Querite não era uma fonte permanente (1 Rs 17.7).
Querite é uma provisão divina em tempos de crise! Quem faz de Querite seu ponto
final terá problemas, porque Querite secará!
“Com a intensificação da seca, a torrente secou, deixando o
profeta sem água; mas ele não tomou atitude alguma enquanto a Palavra de Deus
não lhe veio para dizer o que fazer. Alguém disse bem que a vontade de Deus
nunca nos conduz a um lugar em que Deus não pode nos proteger ou cuidar de nós,
e Elias descobriu isso por experiência própria (ver Is 33.15,16).”2
Ainda em Querite, o profeta recebe o chamado de Deus para se
deslocar para a Fenícia. Se já vimos em capítulos anteriores como a Escritura
revela como age o Deus de Elias, aqui podemos observar como age o Elias de
Deus.
Em primeiro lutar, Elias se dispôs — ‘Dispõe-te, e vai a
Sarepta, que pertence a Sidom, e demora-te ali, onde ordenei a uma mulher viúva
que te dê comida” (1 Rs 17.9). Disposição aqui pode ser entendida como sinônimo
de atitude. De nada adianta recebermos um chamado divino se não tomarmos uma
atitude com relação a mesma. Elias se dispôs e dessa forma criou condições para
que o plano de Deus em sua vida se concretizasse. Não vale, portanto, somente
as boas intenções, é preciso tomarmos uma atitude em relação ao desafio
imposto. Esse fato é percebido na história do filho pródigo, conforme
registrado no Evangelho de Lucas: “E, levantando-se, foi para seu pai” (Lc
15.20).
Em segundo lugar, ele soube esperar — “demora-te ali”
(17.9). Alguns intérpretes falam que a estadia de Elias na casa da viúva levou
cerca de dois anos, mas pode ter sido mais já que a seca durou três anos e
meio. O certo mesmo é que Elias obedeceu a ordem divina sabendo esperar. Na
nossa cultura fast food, estamos acostumados a querer as coisas rapidamente,
mas no reino espiritual as coisas não andam dessa maneira. É preciso saber
esperar. Foi Davi quem disse: “Esperei com paciência pela ajuda de Deus, o
Senhor. Ele me escutou e ouviu o meu pedido de socorro” (SI 40.1).
Em terceiro lugar, Elias demonstrou humildade quando pedia a
uma mulher, viúva, estrangeira e pobre que lhe desse alimento — “traze-me
também um bocado de pão na tua mão” (1 Rs 17.11). Na cultura antiga as mulheres
eram desvalorizadas. Não era, portanto, comum um homem se dirigir a uma mulher,
muito menos se essa era estrangeira e pobre. Mas Elias seguia a direção divina
e não teve dúvidas que aquela era a viúva a qual o Senhor se referira.
Em meu livro A Prosperidade à Luz da Bíblia, chamei a
atenção para a relação existente entre humildade e prosperidade:
Fica bem claro na epístola aos filipenses que o segredo do
contentamento de Paulo é resultado de sua dependência do Senhor. As suas
carências levaram-no a abandonar o orgulho, que era marca de seu antigo viver,
para com humildade buscar no Senhor suprir suas necessidades, tanto materiais
com espirituais (2 Co 11.18-28).
Geralmente a prosperidade exibida hoje no meio evangélico
exprime mais uma atitude de orgulho do que de humildade. O “tudo posso” passou
a significar o desvendamento de um segredo que torna aquele que possui sua
chave capaz de conquistar o que quiser. Possuir uma casa já não satisfaz, é
necessário possuir uma mansão. Possuir um carro 1.0 pode ser um sinal de
pobreza, é necessário, portanto, possuir um 4x4 off Road. Ser pastor de uma
igreja pequena é um testemunho contra a prosperidade, portanto faz-se
necessário pastorear uma grande catedral. Estamos na época dos pastores pop
stars e das mega igrejas! Não se está afirmando aqui que possuir esses bens
seja errado ou pecado, mas a atitude e o objetivo com que se possui pode
estar.3
Em quarto lugar, Elias demonstrou fé e confiança quando se
dirigiu pedindo ajuda à viúva de Sarepta (1 Rs 17.9). Pedir água em tempo de
seca e alimento em um período onde imperava a fome é sem dúvida alguma uma
clara demonstração de fé do profeta de Tisbe. Elias apenas sabia que o Senhor
“havia ordenado a uma viúva” que lhe desse alimento, mas a forma como isso
seria feito não lhe fora revelado. A fé no Deus da provisão estava operando na
vida do profeta.
Em quinto lugar, Elias foi um profeta de ação — “Então, ele
se levantou e se foi”(l Rs 17.10). Já falamos da atitude do profeta e, essa
atitude é demonstrada de uma forma objetiva pela prática. Antonio Vieira disse
que a “omissão é um pecado que se faz não fazendo”. Omissão é falta de ação!
Todos nós somos desafiados todos os dias, mas as respostas dadas a esses
desafios é que vão nos distinguir um dos outros. Alguns apenas contemplam, mas
não tem coragem de encarar o desafio à sua frente. Com Elias foi diferente — o
profeta de Tisbe esperou quando foi preciso esperar e agiu quando foi
necessário agir.
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