Elias entrando na caverna O socorro divino
O socorro divino
Um breve esboço da estadia do profeta Elias no Monte Horebe
ou Sinai, que é uma espécie de resumo do que foi dito até aqui, pode ser dado
como segue:
A) Elias entrando na caverna
a) Decepção (1 Rs 19.2)
b) Medo (1 Rs 19.3)
B) Elias dentro da caverna
a) Fuga (1 Rs 19.3)
b) Isolamento (1 Rs 19.4)
c) Autopiedade (1 Rs 19.10)
d) Desejo de desistir e morrer (1 Rs 19.4,18)
C) Elias saindo da caverna
A terceira e última parte é a que iremos analisar agora —
Elias saindo da Caverna. Foi o escritor americano John Gray (1995, pp.42,43)
quem popularizou a figura da caverna como símbolo de conflitos psicológicos. Em
seu livro: Homens São de Marte e as Mulheres são de Venus, que se tornou
best-seller, ele escreveu:
“Quando um homem está
estressado, ele se retira para dentro de uma caverna na sua mente e se
concentra na resolução de um problema. Ele geralmente escolhe o problema mais
urgente ou mais difícil.
Ele fica tão concentrado na resolução desse problema que
perde temporariamente a noção de tudo o mais. Outros problemas e
responsabilidades desaparecem gradualmente no pano de fundo.
Em tais momentos, ele se torna progressivamente distante,
esquecido, insensível e preocupado em seus relacionamentos. Por exemplo, quando
tiver uma conversa com ele em casa, parece que somente 5% de sua mente estão
disponíveis para o relacionamento enquanto os outros 95% ainda estão no
trabalho.
Sua plena consciência não está presente porque ele está
ruminando o próprio problema, esperando encontrar uma solução. Quanto mais
estressado estiver, mais preso ao problema ficará. Em tais momentos, ele é
incapaz de dar a uma mulher a atenção e o sentimento que ela normalmente recebe
e certamente merece. Sua mente está preocupada, e ele se sente impotente para
liberá-la. Se, no entanto, ele puder encontrar a solução, ele se sentirá melhor
instantaneamente e sairá da caverna; repentinamente ele estará à disposição
para participar do relacionamento novamente.
Entretanto, se ele não puder encontrar uma solução para seu
problema, então permanecerá enfiado na caverna. Para sair, ele ficará atraído
pela resolução de pequenos problemas, como ler o jornal, ver televisão, dirigir
seu carro, fazer exercícios físicos, assistir a um jogo de futebol, jogar
basquete, e por aí afora.
Qualquer atividade desafiadora que inicialmente
requeira somente 5% de sua mente pode ajudá-lo a esquecer seus problemas e a
sair. Assim, no dia seguinte, ele será capaz de redirecionar seu foco para seu
problema com mais sucesso”.9
No caso de Elias, fica evidente o fato que se não fosse a
mão do Senhor, Elias jamais teria conseguido sair daquela caverna.
“Elias, na minha opinião, é o exemplo bíblico mais forte e
significativo de uma pessoa deprimida. Primeiro, porque sua depressão poderia
ser classificada como severa. Há todos os indícios e sintomas de alguém que se
prostra sem recursos próprios para sair da situação sem ajuda externa. Só
depois que Elias é assistido, até de maneira sobrenatural, é que ele recobra
suas forças e consegue caminhar novamente em direção ao monte Horebe”.10
Provisão física
O socorro do Senhor chegou até o profeta na forma de
provisão física ou material: “Deitou-se e dormiu debaixo do zimbro; eis que um
anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come”(l Rs 19.5). Os psicólogos veem
aqui um dos sintomas da depressão de Elias — a inapetência ou alteração dos
hábitos alimentares. Nesse estado a pessoa pode não querer comer como também
pode possuir um apetite exagerado.
Em ambos os casos é necessário o auxílio de
terceiros. Esse sintoma é denominado pelos psicólogos de inapetência, isto é,
“a alteração nos hábitos alimentares, quando tanto pode ocorrer a falta de
apetite como o comer exagerado. No caso de Elias, ele só dorme e não tem nenhum
interesse em providenciar o alimento. E preciso que o anjo traga a alimentação
pronta. Os familiares e aqueles que cuidam de pessoas com depressão precisam
saber que em muitos casos é preciso tomar a iniciativa de, respeitosa e
amorosamente, por um tempo, cuidar do deprimido.”11 No caso do profeta, o anjo
do Senhor é quem o auxilia providenciando-lhe alimento. Ele precisava
alimentar-se e Deus fez com que isso fosse providenciado: “Olhou ele e viu,
junto à cabeceira, um pão cozido sobre pedras em brasa e uma botija de água.
Comeu, bebeu e tornou a dormir” (1 Rs 19.6,7).
Provisão espiritual

O próprio Deus a quem Elias servia o conduziu
durante todo o tempo. A própria ida de Elias ao monte Horebe fez parte dessa terapia.
Ali Elias seria revitalizado não apenas na sua vida espiritual, mas também na
sua vida emocional (1 Rs 19.8-15).
O Dr. Rodrigo Pires do Rio (2010, pp.82,83) destaca esse
momento na vida do profeta Elias:
“A experiência do deserto marcou a caminhada de Elias.
Deserto não apenas como região externa, mas, principalmente, como experiência
interior. Elias viveu em uma época de corrupção e suborno, de uso abusivo e
absurdo do poder, de ruptura com as coisas de Deus e culto de idolatrias. Ele
teve momentos de não saber, de estar perdido, de ter medo, de achar que tudo
estava terminado, de querer fugir e morrer. Ele procurou Deus nos sinais
tradicionais (terremoto, vento, fogo) e não O encontrou.
Pareceu-lhe, como para muitos de nós hoje, que não havia
sentido na vida, nem direção a ser seguida.
Os sinais tradicionais eram para
Elias nada mais que lâmpadas que já não se acendiam. Elias só encontrou a Deus,
de maneira inesperada, na brisa leve, que significa voz de calmaria suave. A
brisa leve indica algo, um fato que, de repente, faz a pessoa ficar calada,
cria nela um quebrantamento e, assim, a dispõe para escutar; provoca nela
expectativa.
Acabamos de observar que os homens de Deus também têm
conflitos. Padecem também dos males comuns a todos os mortais. Todavia é
perceptível que o servo de Deus conta com uma forma de auxílio diferenciado —
ele não está sozinho neste mundo e por isso não depende apenas dos limitados
recursos humanos. O Senhor se faz presente nas horas conflituosas da vida e presta-nos
o seu auxílio. Lemos nos Salmos as palavras: “Deus é o nosso refúgio e
fortaleza, socorro bem presente nas angústias” (SI 46.1).
“Todos nós
experimentamos tais sentimentos de vez em quando. As soluções são muitas: uma
boa caminhada, contar as bênçãos, uma boa noite de sono, uma conversa com os
amigos, alguns hinos de louvor, uns momentos a sós com Deus. Quando,
entretanto, os sentimentos continuam a nos assaltar por semanas e meses,
devemos procurar ajuda de alguém [...]
Infelizmente, os cristãos têm uma inclinação para considerar
suas depressões só em termos espirituais. Acham que desapontaram a Deus. Os
judeus religiosos fazem o mesmo, interpretando suas experiências dentro de uma
estrutura religiosa. E os conselheiros espirituais, presos nessa mesma
estrutura, podem muito bem diagnosticar um problema espiritual em algum
cliente, mas não perceber uma enfermidade depressiva em outro, de modo que a fé
vai ser encorajada onde ela não existe, ou o louvor em um coração murcho como
uma ameixa seca”.13
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